quinta-feira, 31 de março de 2011

Primeira Semana com os Alunos

Vários alunos foram encaminhados pelos professores de sala de aula, alguns com laudos médicos e/ou clínicos, outros sem laudos médicos, mas com certeza, quase todos os alunos encaminhados necessitariam um Atendimento Educacional Especializado... Porém, eu sou uma professora só, trabalhando 20 horas na escola na Sala de Recursos no turno da manhã, o que infelizmente é pouco, diante da nossa realidade escolar.

Para compor a lista dos alunos a serem atendidos, começamos com os alunos com laudos médicos e/ou clínicos, depois, diante de tantos alunos encaminhados pelos professores, tive que sentar com a orientadora da escola, para tentarmos achar no meio daqueles alunos encaminhados pelos colegas (que eram MUITOS!), quais teriam maior necessidade e quais a família também iriam assumir o compromisso de trazer o aluno para o AEE, comprometendo-se a participar mais da vida escolar destas crianças.

Apesar de não ser o ideal, nem todos os alunos podem ter acesso ao AEE em turno inverso, e quando estes estão no mesmo turno do que eu estou na escola, acabamos fazendo combinações com os professores, para tirarem estes alunos da sala de aula no horário onde estarão comigo. Os professores que trabalham apenas em turno inverso ao meu, acabam ficando mais distantes, e nos comunicamos muitas vezes apenas por bilhetes. Mais uma vez, se torna evidente que um professor com 20 horas semanais para este trabalho é muito pouco para a realidade das escolas.

Essa semana era para começar o atendimento, de forma efetiva, porém, muitos pais e/ou responsáveis chamados, não compareceram na escola, o que acaba dificultando o início do meu trabalho. Pois queremos começar o atendimento com os alunos que os pais foram entrevistados. Consegui realizar algumas entrevistas, e comecei a rabiscar um horário com estes alunos, aos quais pretendia atender essa semana.

Conheci alguns rostinhos dos alunos com os quais irei trabalhar, fiz o primeiro atendimento com alguns deles, e foi bastante produtivo. No primeiro encontro com estes alunos, realizei uma breve entrevista com cada um, buscando identificar seus interesses, suas dificuldades, saber deles mesmos o que mais gostam da escola, o que não gostam... Enfim, tentar conhecer um pouco sobre cada um deles e saber o que esperam do meu atendimento e da escola, como um todo. Alguns alunos foram atendidos individualmente, outros em pequenos grupos.

Tinha horário que havia previsto atender algum aluno, e quando eu menos esperava... Aparecia um pai/responsável, que havia sido chamado em outro dia, em outro horário, mas que acabou podendo vir naquele horário... Enfim, como o atendimento está começando essa semana, acabei priorizando este encontro com pais, mesmo que eles não estivessem dentro dos horários marcados, pois sabemos que nem sempre a família está presente no dia a dia da escola, e caso o horário com eles fossem remarcado, talvez não pudessem novamente comparecer.

Bom, das entrevistas realizadas com os pais/responsáveis, notei que alguns percebem que seus filhos tem necessidades especiais, chegam diante da gente com esperança, enxergando possibilidades da criança desenvolver mais na escola, e já agradecem por tudo que você poderá fazer pela criança. Outros, porém, não conseguem enxergar o “problema” do filho, acham a repetência dos filhos algo normal, enfim, suas dificuldades não são claramente percebidas e apontar habilidades nos seus filhos é algo quase imperceptível... Uma vez uma colega me disse que quando nasce uma criança especial, os pais ficam de luto diante de tudo aquilo que sonharam e idealizaram no seu filho, talvez essa negação dos pais seja um pouco disso, o não querer enxergar.

E além disso tudo, infelizmente, tem aqueles que realmente não tem muito comprometimento com a vida escolar de seus filhos, que não estão presentes.

O fato, é que aos poucos o atendimento está se organizando, e espero que vá ganhando forma e que os primeiros resultados comecem a aparecer. Espero conseguir realizar um bom trabalho na Sala de Recursos JPS, auxiliando os professores de sala de aula, e principalmente estes alunos, que tanto necessitam.

Começa o trabalho do AEE...

Como no ano passado a Sala de Recursos da escola estava em fase de implantação, este ano, é de grande expectativa quanto ao trabalho do AEE, que efetivamente começa a funcionar na nossa escola.

Todo começo é meio conturbado, cheio de descobertas, surpresas, novidades e adaptações... Acredito que adaptação seja a palavra-chave para definir o trabalho que estou começando na Sala de Recursos JPS, pois nossa escola estava e ainda está em obra, sendo ampliada... Como Professora da Sala de Recursos terei uma sala MUITO ampla, muito bonita, um espaço muito bom para trabalhar, porém, como as obras não terminaram ainda, a Sala de Recursos está sendo utilizada pelo Laboratório de Informática, e surgiu assim um novo espaço na escola, um cantinho, pequeno, que estou tentando transformar em aconchegante, no corredor da escola, no saguão...

Assim, este é hoje meu cantinho... Esta, no momento, é a Sala de Recursos da escola:



… E num futuro breve pretendo mudar para minha sala, que hoje tem sido utilizada pelo Laboratório de Informática... Então, essa será a Sala de Recursos:



Os atendimentos serão alternados, uma semana no cantinho improvisado, uma semana na futura sala... A informática também terá o atendimento assim, uma vez no laboratório, outra vez na sala de aula... Dessa forma estaremos dividindo o espaço, até as obras encerrarem. E que isso seja breve!...

Bom, tendo então estes dois espaços, o trabalho começou:

a) Sondagem dos alunos PNEs matriculados na escola: Essa etapa, primeiramente foi realizada com orientadora da escola, depois com os colegas, identificando assim os alunos com laudos médicos/clínicos, que seriam o público-alvo do atendimento do AEE.

b) Depois, passamos para a segunda etapa: as entrevistas! Esse é um momento bastante importante, onde o professor do AEE fica conhecendo um pouco mais sobre cada aluno que irá atender. Conhecer o aluno e sua história é fundamental para o trabalho do professor, pois além de nortear o trabalho, ajuda na construção dos vínculos com os alunos e com seus familiares, que precisam confiar no trabalho da escola e dos professores. A participação da família é importante no desenvolvimento educacional dos alunos.

c) Outra etapa que acontece, no atendimento do AEE, paralelamente as etapas já citadas, é a ficha de encaminhamento feita pelo professor, indicando o aluno para o AEE. Nessa ficha aparece alguns dados dos alunos, como as habilidades encontradas na criança, suas dificuldades, as necessidades do professor... Enfim, é um processo de investigação que auxiliará o professor do AEE a exercer o seu trabalho com mais segurança, estando atento as necessidades reais do aluno e do professor de turma, estando atendo ao dia a dia deste aluno na escola. Afinal, o AEE é um trabalho de parceria, onde todos os envolvidos no processo educacional dos alunos são muito importantes.

d) Depois disso tudo, então começam os atendimentos, de forma efetiva. É só organizar o horário e começar o trabalho com os alunos! Nos primeiros atendimentos, como professora do AEE, cabe a mim investigar os alunos, conhecer cada um deles, observar suas dificuldades, identificar as habilidades, limitações (estudo de caso)... Para então traçar metas para o trabalho que será desenvolvido ao longo do ano.

Acho que estes são os primeiros passos... Essa semana termino as entrevistas, e semana que vem, começo os atendimentos... Espero que consiga realizar o trabalho da melhor forma possível, e espero através deste blog, trocar ideias com outros profissionais que trabalhem com Educação Especial e principalmente colegas que também realizam trabalhos nas Salas de Recursos, afinal, juntos aprendemos mais!

quarta-feira, 23 de março de 2011

Plano de Ação Pedagógica

Plano de Ação Pedagógica 2011 – AEE JPS

Professora Carolina Silva Lopes Mancilha

Título

- Sala de Recursos Multifuncional JPS

Localização

- E. M. E. F. João Palma da Silva

- Endereço: Rua Uruguaiana, número 421 - Bairro Mathias Velho – Canoas / RS

- Telefone: (51) 3472-9322

Tema

- Vivendo as Diferenças

Introdução

Segundo a Secretaria de Educação Especial (2008), o Atendimento Educacional Especializado tem como função identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando suas necessidades específicas. As atividades desenvolvidas no atendimento educacional especializado devem ser diferentes daquelas atividades diárias que constituem o dia a dia escolar em sala de aula, porém, vale lembrar, que elas não substituem essas atividades, apenas complementa e/ou suplementa a formação dos alunos, buscando que eles possam se desenvolver como pessoas atuantes e participativas no mundo que vivemos.

A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (de janeiro de 2008), afirma que a Educação Especial deve oferecer o Atendimento Educacional Especializado às necessidades educacionais especiais dos alunos com: deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação.

- Alunos com Deficiência: “aqueles que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual, mental ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas” (p.2). Portanto, são os alunos com deficiência mental, deficiência física, surdez, deficiência auditiva, cegueira, baixa visão, surdocegueira ou deficiência múltipla.

- Alunos com Transtornos Globais do Desenvolvimento: “aqueles que apresentam um quadro de alterações no desenvolvimento neuropsicomotor, comprometimento nas relações sociais, na comunicação ou estereotipias motoras. Incluem-se nessa definição alunos com autismo clássico, síndrome de Asperger, síndrome de Rett, transtorno desintegrativo da infância (psicoses) e transtornos invasivos em outra specificação” (p.2).

- Alunos com altas habilidades/superdotação: “aqueles que apresentam um potencial elevado e grande envolvimento com as áreas do conhecimento humano, isoladas ou combinadas: intelectual, acadêmica, liderança, psicomotora, artes e criatividade” (p.2).

Refletindo então, sobre os aspectos legais evidenciados acima, e pensando nos alunos PNEs que estão matriculados nas instituições de ensino, torna-se evidente que a Sala de Recursos deve existir nas escolas, e mais do que isso, sendo um espaço atuante e “vivo”, onde o aluno PNE possa desenvolver suas diferentes potencialidades tendo suas habilidades exploradas.

Sendo assim, como na minha escola a Sala de Recursos no ano de 2010 estava sendo organizada, recebi o convite da equipe diretiva para assumir este espaço, onde começarei o trabalho no ano letivo de 2011 e através deste PAP espero atender as necessidades da nossa realidade escolar, colocando em prática a Sala de Recursos Multifuncional JPS através do Projeto Vivendo as Diferenças.


Objetivo Geral

- Desenvolver diferentes atividades com os alunos PNEs matriculados na E. M. E. F. João Palma da Silva e de seu entorno em contra turno escolar, complementando e/ou suplementando a formação dos alunos, através da Sala de Recursos Multifuncional JPS e nos demais espaços escolares, fazendo com que os alunos PNEs se integrem cada vez mais a nossa escola, preparando-os para terem cada vez mais autonomia, sendo pessoas atuantes e participativas no mundo em que vivemos.


Objetivos Específicos

Conforme o Decreto 6.571 de 17 de setembro de 2008, os objetivos do AEE são:

I- prover condições de acesso, participação e aprendizagem no ensino regular aos alunos referidos no Artigo 1º;

II- garantir a transversalidade das ações da educação especial no ensinoregular;

III- fomentar o desenvolvimento de recursos didáticos e pedagógicos que eliminem as barreiras no processo de ensino e aprendizagem; e

IV- assegurar condições para a continuidade de estudos nos demais níveis de ensino.

Considerando todos aspectos legais que compõe AEE, e enquadrando estes a nossa proposta educacional, a Sala de Recursos JPS tem como objetivos:

- Perceber as necessidades educacionais especiais dos alunos valorizando a educação inclusiva;

- Compreender o aluno especial, assim como demais alunos, como parte de TODA a escola;

- Flexibilizar a ação pedagógica nas diferentes áreas de conhecimento de modo adequado às necessidades especiais de aprendizagem, respeitando as individualidades dos alunos;

- Buscar a melhor integração dos alunos com necessidades especiais na escola, auxiliando o seu desenvolvimento educacional e social, valorizando e respeitando as diferenças de cada um;

- Atender o s alunos com necessidades educacionais especiais da escola e do seu entorno;

- Ofertar o Atendimento Educacional Especializado na Sala de Recursos Multifuncional atendendo as necessidades individuais de cada aluno (espaço físico, mobiliário, materiais didáticos, recursos pedagógicos e de acessibilidade e equipamentos específicos);

- Avaliar continuamente a eficácia do processo educativo para o atendimento de necessidades educacionais especiais.

Buscando atender nossos objetivos, é dever do professor da Sala de Recursos:

- Organizar a Sala de Recursos e zelar pelos seus materiais, para que sejam sempre bem aproveitados pelos alunos;

- Entrevistar as famílias dos alunos com necessidades especiais, esclarecendo as funções do AEE na escola e conhecendo melhor as crianças que irão trabalhar neste espaço;

- Disponibilizar aos professores fichas de encaminhamento para o atendimento dos alunos na Sala de Recursos, e orientá-los, se necessário, quanto ao seu preenchimento;

- Sensibilizar os professores sobre a ação do AEE, multiplicando ideias e conhecimento sobre a inclusão escolar;

- Planejar as atividades para os alunos na Sala de Recursos com criatividade e atendendo as necessidades individuais dos alunos, explorando as TAs (Tecnologias Assistivas) e demais materiais disponíveis para trabalhar com as crianças;

- Organizar as atividades dos alunos para que seja feito o acompanhamento do seu desenvolvimento (pastas, portfólios, fotografias, cadernos, e/ou demais materiais que julgar necessário);

- Atender os alunos com necessidades especiais em contra-turno escolar, individualmente ou em pequenos grupos, dando complemento ou suplemento na ação pedagógica destes alunos;

- Auxiliar o professor de turma a realizar adaptações de materiais e recursos sempre que necessário, assim como adaptações curriculares, conforme sua disponibilidade;

- Trabalhar juntamente com os professores e com a equipe diretiva na construção do PIE (Plano Individualizado de Ensino) dos alunos especiais da escola;

- Realizar visitas na sala de aula e nos diferentes espaços escolares, afim de observar como está ocorrendo a inclusão do aluno especial na escola, orientando os professores com ideias e sugestões para a melhor integração destes alunos;

- Atuar em equipe, inclusive, quando possível, com outros professores e profissionais especializados em educação especial;

- Participar efetivamente das formações oferecidas pela SME e outros cursos na área da educação especial que estiverem ao seu alcance de forma contínua, buscando melhor qualificação, mantendo sempre atualizado.

Referencial Teórico

Acredito numa Educação Inclusiva onde todos os alunos possam ter acesso a escola, sendo oferecido a eles alternativas que explorem suas potencialidades através de uma participação interativa entre todos que estão envolvidos no processo educativo do aluno.

O sucesso escolar do aluno com necessidades especiais e sua integração na escola gira em torno da participação efetiva da família, do envolvimento de profissionais qualificados para realizar um atendimento especializado (quando necessário) e da escola.

Essa parceria é muito importante para que o aluno possa participar das aulas de forma efetiva, garantindo a igualdade de condições de acesso e permanência na escola.

temos o direito à igualdade, quando a diferença nos inferioriza e direito à diferença, quando a igualdade nos descaracteriza!” SANTOS, Boaventura de Souza. A construção multicultural da igualdade e da diferença. Coimbra: Centro de Estudos Sociais. Oficina do CES nº 135, janeiro de 1999.

Não basta aceitar a matrícula dos alunos nas escolas, é fundamental que muito além disso, a escola e os professores estejam de coração aberto, para receber estes alunos, buscando integrá-los ao ambiente escolar e na sociedade, permitindo que todos tenham acesso aos mesmos direitos educacionais.

Para que possamos caminhar para uma sociedade mais justa e igualitária do ponto de vista educacional, é necessário que cada vez mais professores se interessem por esta temática, pois a inclusão escolar já faz parte da realidade dos educadores, e a capacitação desses profissionais é um passo muito importante para que tenhamos cada vez mais avanços.

Inclusão, não é apenas levar o aluno especial para a escola comum, mas sim, dar a este aluno, suporte para que tenha acompanhamento especializado, fornecer formação para os professores, orientar as famílias, integrar este aluno ao espaço escolar (acesso físico, suporte de materiais, socialização e respeito).

É preciso sensibilizar todos os envolvidos neste processo educativo, para que todos os alunos tenham oportunidade para crescer cognitivamente e socialmente.

É preciso reconhecer as diferenças, aceitar e respeitar, trabalhando com essa diversidade, valorizando e convivendo com as diferenças, de forma que todos aprendam junto com elas, assim estaremos caminhando para uma educação mais significativa, compreendendo mais o mundo em que vivemos e a nós mesmos.

Segundo Haetinger (1998, p. 09), “a maior luta atual é por um ensino mais humano, voltado para o real interesse dos alunos, tornando-os agentes do processo educacional”, nesse sentido, a escola tem como desafio de integrar todos os alunos, de forma que todos tenham suas potencialidades exploradas, assim como o de buscar através das novas tecnologias de ensino suportes educacionais para que os alunos realmente aprendam de forma significativa. E quando falamos das novas tecnologias, não podemos esquecer das TAs que devem ser cada vez mais utilizadas pelos professores, pois muitas vezes elas abrem muitos caminhos para os alunos PNEs.

A este respeito, Haetinger afirma que:

Utilizar a informática como recurso pedagógico é mais do que querer é uma ação necessária para a exploração de todas as possibilidades do saber. Porém, ainda mais importante, é proporcionar aos aprendizes o prazer de pensar livre e criativo, oferecendo, a cada um deles, a oportunidade de crescimento pessoal, social e cultural. (2003, p. 52)

É preciso utilizar as novas tecnologias de ensino e as TAs para propiciar a aprendizagem de todos os aluno, oportunizando meios para que ele faça parte da sua própria construção, desenvolvendo-se como pessoa, propiciando o desenvolvimento de contatos sociais e culturais.

O aluno de hoje traz uma bagagem cultural muito grande, são inúmeras informações que o cercam. Ele tem muito para aprender, muito para ensinar, ele faz parte do seu próprio processo educacional, construtor da sua própria história.

Muitas vezes, um aluno PNE necessitará mais do uso uso do computador em sala de aula, do que os demais alunos, e essa nova ferramenta que surge no contexto escolar oportuniza ao aluno a busca do que ele necessita, auxiliando na construção do seu próprio conhecimento, favorecendo a experiência e o armazenamento de novas informações de forma interativa.

O uso do computador permite que, para uma mesma proposta de trabalho feita pelo professor, surjam inúmeras possibilidades. A não unicidade, não linearidade do pensamento explicita-se, por exemplo, quando o aluno abre várias “janelas”, do mesmo ou de diferentes programas, e “importa” delas o que necessita para seu trabalho. Esta atividade, aparentemente simples, demonstra que houve reflexão, estabelecimento de relações, avaliação, tomada de decisão, etc. Mostra-nos que houve um esforço e os anteriormente construídos, o que caracteriza, claramente uma aprendizagem assentada em conceitos. (MORAES, 2002, p. 21)

Essa flexibilidade de criação que o computador nos permite, trazendo inúmeras possibilidades, faz com que nossos alunos busquem soluções para as atividades propostas, interagindo com os colegas e com a própria máquina.

Não apenas através do computador, mas muitas vezes, os alunos PNEs precisarão de recursos diferentes, de um trabalho em sala de aula diferenciado, que respeite seus limites e suas formas de interagir. Mas para que possamos explorar melhor todas essas possibilidades, é importante termos sempre em mente o aspecto lúdico, que pode e deve fazer parte do dia a dia escolar não apenas dos alunos PNEs, mas sim de todos os alunos, afinal jogar e brincar são atividades naturais de todas as pessoas.

Devemos então, realizar diferentes atividades no ambiente escolar, buscando atingir nossos alunos e nossos objetivos como educadores, de forma que elas possam ser desenvolvidas com criatividade e de forma lúdica.

...um sonho... O sonho de manter acesa a chama vibrante, intensa e colorida da infância. Um tempo marcado pelo encantamento da atmosfera onírica que rege a primeira e mais importante fase de nossas vidas. Uma época singular, rica, pessoal e intransferível. Período que representa uma galáxia em meio a todos os outros milhões de sistemas estrelares produzidos pela fértil imaginação infantil. Imaginação livre de preconceitos, de negativismos e de limitações. A pureza, a ousadia e o espírito quase selvagem dos primeiros anos nos marcam de forma indelével por toda a existência... É como se esse período fosse comandado pelo ritmo de um relógio cujos ponteiros marcam só diversão e alegria... Um tempo cujo cheiro, gosto, cor e som continuamos perseguindo, de forma consciente ou inconsciente, por toda a vida. (CHALITA, 2003, p. 09)

Aprender deve ser divertido, por isso não devemos esquecer o lúdico quando falamos em educação, pois depois da infância, o brincar não desaparece, fica inserido em nós, na nossa criatividade, no nosso humor e na nossa espiritualidade. A maior herança da infância e do brincar é a nossa criatividade. E desenvolver um ser criativo que atue na sociedade de forma participativa é um dos maiores desafios da escola.

Aprendemos quando vivenciamos, experimentamos, sentimos. Aprendemos quando relacionamos, estabelecemos vínculos, laços, entre o que estava solto, caótico, disperso, integrando-o em novo contexto, dando-lhe significado, encontrando um novo sentido. (MORAN, 2000, p. 23)

Através do lúdico vivemos e experimentamos, construímos conhecimento através da troca e das nossas próprias descobertas... A alegria de visualizar o novo através da escola é criar vínculo com o nosso mundo, que está rodeado de informações que rapidamente circulam entre nós, trazendo novas formas de percebermos a nossa realidade.

O brincar é, portanto, uma atividade natural, espontânea e necessária para a criança, constituindo-se por isso, uma peça importantíssima na sua formação. Seu papel transcende o mero controle de habilidades. É muito mais abrangente. Sua importância é notável, já que através dessas atividades a criança constrói seu próprio mundo. (SANTOS, 1995, p. 4)

A criança tem o brincar como característica própria, e valorizar atividades que respeitem suas necessidades tornam a tarefa de aprender muito mais atrativa e significativa. As brincadeiras são fundamentais para o desenvolvimento da criança, enquanto brincam criam e recriam sua realidade, sonham, transformam e comparam. Com isso aprendem através de suas experiências a construir seu conhecimento com bases sólidas e seguras.

A escola então tem este grande desafio, de estar sempre se atualizando e mantendo os objetivos educacionais atingidos sem esquecer de estar atenta ao interesse dos alunos. Quando conseguirmos atingir este desafio, e receber todos os alunos da mesma forma, oferecendo a todos os mesmos direitos educacionais, poderemos sim, dizer que temos uma escola inclusiva, uma escola mais humana, onde podemos viver e respeitar todas as diferenças.

Metodologia

Para que possamos desenvolver o trabalho na Sala de Recursos Multifuncional JPS, da E. M. E. F. João Palma da Silva, pretende-se explorar os recursos existentes na sala, valorizando o aspecto lúdico da criança, pois a brincadeira já está presente no universo infantil, sendo um ótimo caminho para que possamos atingir nossos objetivos.

Assim como também visamos explorar os recursos tecnológicos da sala, pois existem diferentes softwares que auxiliam a diminuir as barreiras dos portadores de necessidades especiais na escola, facilitando e auxiliando sua aprendizagem. Além disso, vale destacar que as atividades realizadas na Sala de Recursos Multifuncional JPS com os alunos PNEs matriculados na escola e no seu entorno contecerão em contra-turno escolar, de forma que complementem e suplementem as atividades escolares.

No primeiro momento, no início do ano, será realizado as entrevistas com pais, professores e equipe diretiva, afim de se conhecer melhor os alunos PNEs matriculados na escola e no seu entorno, podendo assim elaborar melhor estratégias e recursos pedagógicos, traçando metas e objetivos para os atendimentos.

Partindo daí, os alunos começaram a ser atendidos, em contra-turno escolar, na Sala de Recursos Multifuncional JPS, de forma que venha complementar e suplementar a aprendizagem destes alunos. É importante que os alunos atendidos também frequentem a sala de aula comum, como os demais colegas da turma, diariamente, o atendimento acontecerá em contra-turno escolar justamente para que o aluno tenha este direito garantindo. Os atendimentos acontecerão respeitando as individualidades de cada um e buscando atender as metas traçadas no PIE para cada aluno, atuando juntamente com os professores de turma.

Este atendimento será individual, quando necessário, ou em pequenos grupos, de até cinco alunos, conforme a necessidade de cada aluno atendido. Esta parceria com os professores de turma é fundamental para o sucesso da Sala de Recursos Multifuncional JPS, assim como a participação da família, que deve estar sempre presente, para que juntos possamos traçar melhor as metas a serem atingidas, estabelecendo uma mesma linguagem com estes alunos.

Também é prevista duas devolutivas do atendimento na Sala de Recursos Multifuncional JPS, conforme as orientações da SME do município, para os familiares e professores, mostrando os trabalhos realizados na sala e discutindo o desempenho de cada aluno atendido, destacando a evolução de cada um, procurando sempre melhorar o desempenho dos alunos em sala de aula, na escola, e em casa.

Para acompanhar melhor todas as atividades, é necessário estar em diálogo constante com a equipe diretiva e professores das turmas, discutindo o crescimento de cada aluno. E visitas na sala de aula também são previstas ao longo do ano, para que se possa acompanhar bem de perto o rendimento destes alunos no grupo, buscando junto com o professor de sala de aula traçar estratégias que venham superar as dificuldades individuais destes alunos e valorizar suas potencialidades.

Os trabalhos dos alunos também serão sempre expostos na Sala de Recursos Multifuncional JPS, em murais, assim como fotografias, valorizando o que cada aluno é capaz de fazer. Estes trabalhos poderão ser vistos pelos familiares, sempre que eles quiserem, quando buscarem os alunos no fim dos atendimentos realizados. Constantemente estaremos trabalhando a identidade de nossos alunos, buscando melhorar a auto-estima dos alunos e trabalhando nas turmas onde estes alunos estão sendo incluídos, de modo que as diferenças sejam sempre respeitadas.

É importante tentar superar as dificuldades de cada aluno, diminuindo as barreiras das diferenças, sem se esquecer de valorizar as potencialidades individuais de cada aluno trabalhado, afinal, todos nós temos qualidades.

Recursos

a) Infra-estrutura de informática:

- Um computador equipado com microfone;

- Impressora;

- Scanner;

- Notebook.

b) Ferramentas computacionais:

- Softwares educacionais;

- Teclado colméia (para alunos com dificuldades motoras);

- Mesa para Comunicação Alternativa;

- Jogos Pedagógicos, entre eles, dominó para alunos com dificuldades visuais;

- Material para formar uma bandinha;

- Jogo de lupas;

- Alguns livros em braile (para alunos cegos) e também ampliados (para alunos com problemas visuais).

Resultados Esperados

Esperamos que os alunos PNEs matriculados na escola e no seu entorno possam com as atividades realizadas na Sala de Recursos Multifuncional JPS e demais espaços escolares possam ter uma melhor integração na escola, podendo compreender melhor a rotina escolar, tanto em sala de aula como nos demais espaços educacionais presente em nossa escola (pátio, biblioteca, sala de recursos, laboratório de informática).

Também espera-se, poder construir junto com os professores de turma, que possuem alunos PNEs a elaboração de um PIE (Plano Individual de Ensino), para que se possa acompanhar melhor o desenvolvimento destes alunos, vendo seu crescimento individual, respeitando suas necessidades e diferenças.

O trabalho ao longo do ano será acompanhado pela equipe diretiva, e sempre procurando parcerias com os professores de turma e familiares, visando o melhor desenvolvimento dos alunos atendidos.

A Sala de Recursos JPS visa atender os alunos com necessidades educacionais especiais, garantindo a TODOS os nossos alunos o direito de receber uma educação qualitativa, para que possam conviver na escola e na sociedade, de forma participativa e atuante, vivendo e respeitando as diferenças no nosso dia a dia.

Referências

BRASIL. Decreto Nº 6.571, de 17 de setembro de 2008. Dispõe sobre o Atendimento Educacional Especializado.

BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes Operacionais da Educação Especial para Atendimento Educacional Especializado (AEE) na Educação Básica. Brasília, MEC/SEESP, 2008.

BRASIL. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB 9.394, de 20 de dezembro de 1996.

BRASIL. Ministério da Educação. Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva. In: Secretaria de Educação Especial/Ministério da Educação. Inclusão: Revista da Educação Especial. V.4, n.1. Brasília, MEC/SEESP, 2008.

CHALITA, Gabriel. Pedagogia do Amor. 3ª ed. São Paulo - SP: Editora Gente, 2003.

HAETINGER, Max Günther. Criatividade, Criando Arte e Comportamento. Porto Alegre: Edição Criar, 1998.

HAETINGER, Max Günther. Informática na Educação: Um Olhar Cri@tivo. Porto Alegre - RS: Edição Criar, vol. 2, 2003.

MORAES, Maria Candida. Informática Educativa no Brasil: Uma História Vivida, Algumas Lições Aprendidas. São Paulo, 1997. Disponível em: . Acesso em: 29 de dez. 2010.

MORAN, José Manuel; MASSETO, Marcos T.; BEHRES, Marilda Aparecida. Novas Tecnologias e Mediação Pedagógica. Campinas: Papirus, 2000.

SANTOS, Boaventura de Souza. A construção multicultural da igualdade e da diferença. Coimbra: Centro de Estudos Sociais. Oficina do CES nº 135, janeiro de 1999.

SANTOS, Santa Marli Pires do; Brinquedoteca - A Criança, o Adulto e o Lúdico. Petrópolis: Editora Vozes, 2000.


terça-feira, 22 de março de 2011

Sala de Recursos JPS

E. M. E. F. João Palma da Silva

Rua: Uruguaiana, 421
Mathias Velho - Canoas - 92.330-370
3472-9322

Sala de Recursos – 2011




Não sou igual, mas quero oportunidade para me realizar mesmo sendo diferente”.


Carolina Silva Lopes Mancilha


É impossível falar em Educação Especial, sem pensar em amor e doação.

“Mas seja na gramática, seja na poesia, seja na etimologia, seja na filosofia, a verdade é que basta estar vivo para saber – de maneira consciente ou inconsciente – que o amor transcende qualquer ciência. Ele nasce, cresce e se multiplica, ocupando espaços maiores ou menores, mas sempre edificados com o que há de mais nobre no espírito e no coração do ser humano”.

Chalita, Gabriel. Pedagogia do Amor. 3. ed. São Paulo: Editora Gente, 2003.


O que é o AEE?

O atendimento educacional especializado tem como função identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando suas necessidades específicas. As atividades desenvolvidas no atendimento educacional especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum, não sendo substitutivas à escolarização. Esse atendimento complementa e/ou suplementa a formação dos alunos com vistas à autonomia e independência na escola e fora dela.

(Secretaria de Educação Especial, 2008, p. 15).

Quem é o público-alvo do AEE?

A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (de janeiro de 2008), afirma que a Educação Especial deve oferecer o Atendimento Educacional Especializado às necessidades educacionais especiais dos alunos com: deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação.

    • Alunos com Deficiência: “aqueles que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual, mental ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas” (p.2). Portanto, são os alunos com deficiência mental, deficiência física, surdez, deficiência auditiva, cegueira, baixa visão, surdocegueira ou deficiência múltipla.

    • Alunos com Transtornos Globais do Desenvolvimento: “aqueles que apresentam um quadro de alterações no desenvolvimento neuropsicomotor, comprometimento nas relações sociais, na comunicação ou estereotipias motoras. Incluem-se nessa definição alunos com autismo clássico, síndrome de Asperger, síndrome de Rett, transtorno desintegrativo da infância (psicoses) e transtornos invasivos em outra especificação” (p.2).

    • Alunos com altas habilidades/superdotação: “aqueles que apresentam um potencial elevado e grande envolvimento com as áreas do conhecimento humano, isoladas ou combinadas: intelectual, acadêmica, liderança, psicomotora, artes e criatividade” (p.2).

Que formação o professor do AEE deve ter?

De acordo com as Diretrizes Operacionais da Educação Especial para o Atendimento Educacional Especializado – AEE na Educação Básica, para o professor atuar no AEE, ele “deve ter formação inicial que o habilite para o exercício da docência e formação específica na educação especial, inicial ou continuada” (p.4).

Quais as atribuições do professor do AEE?

Além de organizar o atendimento na Sala de Recursos Multifuncionais, o professor deverá orientar os demais colegas do ensino regular que trabalham com os alunos que frequentam o AEE. Deverá também nortear e acompanhar os recursos pedagógicos e de acessibilidade utilizados pelo aluno nos demais espaços escolares.

No contexto do AEE, cabe ao professor ensinar e também utilizar os recursos de Tecnologia Assistiva (tá).

Finalmente, o professor do AEE deve formar parcerias com as áreas intersetoriais e promover a articulação com os serviços da saúde, assistência social, etc., buscando na interdisciplinaridade do trabalho desenvolvido o apoio necessário para pensar o trabalho educativo. Em seu trabalho, o professor do AEE fará a avaliação pedagógica dos alunos para estabelecer as estratégias e os recursos mais apropriados para cada caso, tendo em vista a necessidade específica de cada sujeito. Um aspecto importante a ser considerado na avaliação do professor e que vai além das questões relativas à aprendizagem, é a história familiar e escolar do aluno. É necessário que o professor colete dados sobre a vida desse aluno através de entrevistas familiares, buscando o máximo de informações sobre ele, enfatizando os progressos escolares, seus relacionamentos na esfera social e sua circulação na dinâmica familiar.

Resumindo...

- O AEE não é substitutivo do ensino regular e, sim, complementar e/ou suplementar;

- O AEE destina-se a alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação;

- O AEE deve ser oferecido preferencialmente na mesma escola em que o aluno frequenta o ensino regular, em turno inverso para não dificultar ou impossibilitar a frequência à sala de aula comum;

- O AEE deve constar no Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola de ensino regular. O PPP deverá refletir a pluralidade de ações que envolvem o ato educativo em que TODOS são capazes de aprender, embora com ritmos e estilos de aprendizagem diferentes.


Material elaborado a partir do texto Atendimento Educacional Especializado (AEE)

das autoras/professoras Marcia Doralina Alves e Taís Guareschi

(Curso AEE - UFSM)